Uma dinossaura em um mar desconhecido

(Não) Diário dia treze

Uma dinossaura em um mar desconhecido - por Adriana Benardes

Brasília, 15 de abril de 2020. Comecei a escrever este post quando o relógio marcava 19h07 de terça-feira (14) e só consegui terminar hoje uma da manhã. O dia havia começado antes das 7h e terminado por volta das 19h. E, só naquele momento, pude correr pra cá para compartilhar um segredo: eu tenho apanhado muito desde que tirei meu sonho da gaveta. Tenho apanhado feio. Alguém aí já viu aquela figurinha da Monalisa descabelada e com olheiras enormes? Sou eu! Explico.

Sou do tempo em que para conseguir um bom emprego era preciso ter cursos de auxiliar de escritório, de datilografia em máquina mecânica e elétrica – afinal se a vaga fosse em uma empresa com equipamentos mais modernos, era preciso estar capacitada. Fiz os três! Se brincar, ainda tenho os diplomas.

Na minha primeira experiência profissional, aos 15, topei com uma máquina de datilografia mecânica e a usava com maestria. Um tempo depois, chegou uma elétrica e eu também estava apta a usá-la. Até hoje sei digitar sem olhar para o teclado do computador e uso todos os dedos das mãos enquanto escrevo. T O D O S! Que orgulho de mim mesma! Acho o máximo!!!! Especialmente quando vejo alguém "catando milho", como dizia o professor.

O tempo das máquinas passou. Quando botei o pé numa redação pela primeira vez, em 31 de agosto de 1998, havia uma ou outra na sala. Elas dividiam espaço com computadores modernos. Somente o terminal do diretor de redação tinha acesso à internet discada (ainda posso ouvir o barulhinho da conexão). Ele digitava a senha, virava a tela e fazíamos a pesquisa.

Máquina infernal

Um articulista, por quem tenho grande respeito e admiração, brigava diariamente com o computador. Ainda posso ver sua figura corpulenta; pele morena; óculos com aro quadrado; grosso; e cabelos muito brancos, uma figura extraordinária! Com muita frequência, nós, os estagiários, o socorríamos para recuperar um texto ou encontrar um arquivo em uma pasta qualquer da "máquina infernal".

Ele excomungava o computador como se estivesse diante de um inimigo mortal. Sobrava também para quem teve a audácia de equipar a redação "com aquilo". Vez ou outra, quando ele estava com a paciência mais curta para as novidades tecnológicas, sentava diante da sua Olivetti e "batia" o artigo do dia seguinte. Ou então, trazia pronto de casa. Sobrava para a secretária digitar o texto no computador e enviar ao editor. A chefe de redação bem que tentava evitar esses epsódios. Nem sempre conseguia.

Onde quero chegar com essa história? Pois bem, agora quem precisa do auxílio dos estagiários para as novas tecnologias sou eu. Só tive WhatsApp quando todos já dominavam o aplicativo e por insistência dos colegas de redação. Também não mergulhei logo de cara no Orkut. Quando entrei, o Facebook chegou veio arrasando tudo. Só depois de muito tempo, fiz a migração. Com o Instagram foi a mesma coisa. Resultado: apanho diariamente para mexer com esses "trem", como se diz lá em Minas (aposto que agora o título deste texto não lhe soa tão estapafúrdio).

Passei o domingo tentando criar uma página no Instagram para o Reboar. Lá pro fim do dia eu consegui. Mas assim, fiz o básico, do básico do básico. Fiquei até orgulhosa, confesso. Mandei para uma amiga que, há quatro meses se mudou para o outro lado do Atlântico. Com muita delicadeza ela fez o mapa da mina para eu tornar o espaço mais atrativo. Quem disse que eu conseguia fazer o negócio? Ela percebeu que eu estava empacada e fez as alterações. Ficou lindo! Se você ainda não conhece, faz uma visitinha lá. Curta, comente, deixe um recado e conte pros amigos. A casa está aberta! @rebo_ar

Comentários

  1. Eu nunca nem tive Orkut! 🤣🤣🤣🤣

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    1. Pois eu, quando decidi entrar, ele já estava morrendo! kkkkkk

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  2. 😂😂😂 tamo junta! Não sei compartilhar no Instagram.

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    1. Jura???? Eu também não. E quando mandam clicar no link da bio, você quer muito ver o conteúdo e não acha o tal link da bio?????

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  3. O texto evoca dois pontos. O primeiro diz respeito ao tempo, que hoje parece passar mais rápido do que o habitual e num piscar de olhos já nos tornamos obsoletos, sendo, inclusive, produto de sofrimento. O outro diz respeito aos requisitos desejáveis, também sou desta geração, o curso de datilografia Sarmento não me deixa mentir, contudo, há outros requisitos tão desejáveis quanto e que hoje parecem estar em desuso, a ética, o amor ao ofício e a vocação, neste sentido também me sinto uma tironossauro, ou, na melhor das hipóteses, ainda estou no período da Pedra Lascada. Parabéns, Adriana, a gente bate cabeça a aprende a lidar com a tecnologia, mas ética, amor ao ofício e vocação não há curso que ensine e você os tem com sobras 😉

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    1. Oi, Dri!!!! Muito obrigada!!! Me emocionei aqui! Beijo no coração. Fique bem!

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  4. Amei saber das suas experiências. Estamos sempre aprendendo uns com os outros. Quando pisou pela primeira vez numa redação, eu estava completando quase 1 ano de idade. É um privilégio poder dividir as tarefas com você nesse novo mundo tecnológico. Conte comigo! Abraços, Thalyta Guerra.

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    1. Oi Thalyta, saude de vê-los pessoalmente. Obrigada pela ajuda de sempre. Talvez a partir de agora, eu precise de socorro mais vezes! Se cuida!

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  5. Oi Adriana, que bom que, em tempos de Coronavirus, você inventou outra coisa para se preocupar. Tenho certeza de que vai uma experiência bem legal. Com certeza você tem muitas coisas a contar. Quanto á sua preocupação dinossáurica, não se preocupe, você tem tempo. Lembre-se que a Cora Coralina só aconteceu bem depois dos 60...!!! Grande abraço!

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  6. Nossa, Pedro, que bela lembrança a sua! Amo a Cora. Seguirei na minha caminhada nesse mundão da tecnologia cheio de novidades! Um grande abraço!

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  7. Maquina de escrever! eu tive uma, alias era pata 6 pessoas em casa. Na ultima visita a casa dos meus pais, achei ela no meio de caixas e poeira. A imagem dos tempos na escola e logo na Universidade brotaram fazendo-me escutar o falar metálico das teclas e os esforços que fazia para nao errar nas letras. Lembrei-me ainda das escalas que fazíamos com meus irmãos e irmãs para responder em tempo nossas tarefas. Que saudades!! Adriana, obrigado!!

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  8. Oi professor, bom dia! Lembro-me das infindáveis folhas de A4 preenchidas com a sequência de letras combinadas e de como fiquei feliz quando meu pai me comprou uma e rolos de fita nas cores vermelho e preto. Achava lindo! Digitei poemas, letras das minhas músicas preferidas...A minha também está em uma caixa empoeirada na laje da casa do meu pai. Um dia, quando eu morar em um apartamento um pouco maior, trago-a para junto de mim. Um abraço!

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  9. Ahaha, eu amei! O texto e o título. Xero

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  10. Oi Ketheryne, quanto tempo!!!! Obrigada, querida! Apareça sempre e, quando vier a Brasília, quero te ver. Abraços!!

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