Como é que é? Nem por decreto!

(Não) Diário: dia sete

Como é que é? Nem por decreto!- por Adriana Bernardes



Brasília, 6 de abril de 2020. Estou em contagem regressiva para o fim da pandemia do coronavírus. Mas já coloquei na cabeça que, antes de junho, a coisa não melhora. Quando digo melhorar, me refiro  apenas ao fim do isolamento social. Todo o resto, é só um emaranhado de incertezas. Medito para respirar. Não serei engolida pela ansiedade. É o meu Decreto número 1. Xô ansiedade! Nessa caminhada, acabei por decretar outras coisas. Segue a lista:

Decreto número 2, passar roupa. Como é que é? Não passo! Nananinanão!!!! Nem vem que não tem! Decretei quarentena para o ferro. Isolado, está no suporte, bem perto do teto da área de serviço, faz uns 20 dias. E, cá entre nós, estou pensando em manter o hábito após a pandemia.


Decreto número 3, há crises e crises... As crianças resolveram, dia desses, que não queriam tomar banho para domir. Insisti uma vez, duas e, só ouvia repetidos e unissónos "aaaaaaahhhhhhhhh, nãããããããooooooooo.......".

Olhei bem pra eles e pensei: gente, mas tem coronavírus, é importante tomar banho. Mas quer saber? Mesmo na pandemia deixei que sonegassem o banho. Eles comemoraram como se tivessem ganhado um picolé!!! E meu coração ficou em paz. 

Decreto número 4, a faxina. Parece haver uma regra não escrita sobre faxinas com começo, meio e fim num só dia. Foi como fui criada lá em Minas Gerais. A limpeza pesada começava ao raiar do dia e só terminava com o Sol de pondo. Casa e quintal, impecáveis!!

Mas faxina com home office, educação à distância para duas crianças e todo o serviço da casa? Impossível!!!! Nem por decreto e tudo bem! Aqui em casa, ela  (a danada da faxina) tem ocorrido de forma parcelada. Em suaves prestações, diga-se de passagem. No sábado, por exemplo, limpei todos os brinquedos das crianças, arrumei o armário de roupa deles, tirei o pó e varri toda a casa. O marido, lavou a cozinha e o banheiro. Fim da faxina. Início da dor nas costas. 

Decreto número 5, EAD e pandemias. Por falar em educação à distância, metemos os pés na aula on-line da sexta-feira e decretamos feriado aqui em casa para as crianças. Alugamos Frozen 2, estouramos pipoca e eles desfrutaram de uma "sessão de cinema" enquanto trabalhávamos. Isso tornou o dia mais leve. O deles e o nosso.   

Decreto número 6, malhação e pandemias. Olha, na primeira semana até tentamos aqui em casa. Foram três dias. Mas depois.....não rolou! Seria injusto dizer que é por preguiça. É cansaço mesmo. Depois de mais de um ano de acompanhamento com uma nutricionista e criando o hábito de frequentar a academia, finalmente fiquei com o peso estabelecido como meta.

Mas já percebo que a conquista está indo por água abaixo e, tudo bem! O mundo está em ebulição. Nunca foi tão importante viver o hoje. Um dia de cada vez. Estou fazendo o possível. Estamos fazendo o possível aqui em casa. E tudo vai ficar bem! 


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