Não, isso não é um diário!

Diário: dia seis

Não, não é um diário! - por Adriana Bernardes

Sim, você tem razão, isso não é um diário! Não no sentido do que se faz ou acontece todos os dias. Mas o é de certo modo. Neste espaço, relato uma rotina desconexa, imprevisível, de angústias, de paz, de incertezas, de exaustão, de tédio e de serenidade. Ainda que não o faça diariamente. Peço desculpas se criei, uma expectativa não materializada. Eu não imaginava como seriam os meus dias durante a epidemia mundial de coronavírus. Alguém imaginava? 

Como tantos outros, fico estarrecida com a ignorância, a ausência de compaixão e a irresponsabilidade de uns. Mas por outro lado, meu peito se enche de esperança ao ver parte dos empresários mantendo os empregos dos trabalhadores. Ou quando ouço de domésticas, babás, diaristas, manicures (e tantos outros prestadores de serviço, formais ou informais) que estão no isolamento social remunerado e sem redução de salário. E o que dizer da soliedariedade de voluntários fazendo máscaras ou distribuindo comida para as pessoas em situação de rua?

Sim, meu coração tem medo. Mas também se aquece de esperança. Minha fé nas pessoas tem sido resgatada pouco a pouco. O que será do futuro? Ninguém sabe! Alguns já escreveram que, passada a pandemia da Covid-19, jamais retomaremos o estilo de vida de antes. A humanidade não será mesma, nem as relações afetivas ou de trabalho! Está para surgir um novo jeito de viver neste planeta azul. Parece assustador. Mas também é uma nova oportunidade para cada um de nós. 

Como deve ser nos momentos derradeiros da nossa estadia por aqui, é hora de reflexão, transformação e renascimento. Em meio a essa tempestade de consequências inimagináveis, temos a chance de  recomeçar. Já pensou sobre como será a nova história que você tem a chance de escrever de agora em diante?  

Brasília, 5 de abril de 2020. #FiqueEmCasa