É o que tem pra hoje

Diário: dia cinco

É o que tem pra hoje - por Adriana Bernardes


Brasília, 30 de março de 2020. Uma semana de isolamento social com dois adultos em home office, duas crianças com muita energia, a babá liberada até que o coronavírus deixe se ser uma ameaça, banheiro para lavar, almoço para fazer, cozinha para arrumar, roupa suja, lanche da manhã, da tarde, aula on-line (para dois), banho das crianças, janta, dentes escovados, estória contada (duas, claro), meditação e, enfim, podemos (os dois adultos) pensar em comer alguma coisa, cair no sofá e tentar não dormir nos primeiros 15 minutos de uma série qualquer.

Sim, eu sei que você sentiu falta do ponto final ou, quem sabe, um ponto e vírgula nesse amontoado de palavras. Mas minha gente, esses dois recursos são usados num texto para respirar, dar uma pausa. E quem é que está conseguindo respirar nessas últimas semanas? Tem jeito não! Pelo menos por aqui tem sido assim: a gente acorda e faz o que precisa ser feito, no automático. É o que tem pra hoje, e está  muito bom!

Os grupos de trabalho no WhatsApp pipocam de forma enlouquecedora. Os grupos de mães (são dois) nunca estiveram tão ativos. Se os pais não enlouquecerem com o ensino à distância, será por um milagre! Uma hora a conexão está ruim, na outra a criança não entende o que a professora fala, no momento seguinte a criatura abandona a aula virtual, vai buscar água e se perde pelo caminho entretida com qualquer brinquedo.

Nesse cenário caótico, você já não sabe se responde a chefe, resgata os meninos de volta para a aula, atende o colega de trabalho ou joga tudo pro alto, liga o modo avião e faz de conta que não é com você. Mas a vida não é simples assim. Então, é respirar e fazer o que é possível. Aqui já abandonamos a aula virtual algumas vezes. Sem impressora, também não fizemos as tarefas das fichas. Paciência!!!



Diversão garantida

Mas nem tudo é aperto. Não tem preço passar mais tempo com as crianças. Hoje, logo após o almoço, meu pequeno veio nos contar, com os olhos arregalados, sobre um homem da TV muito "colajoso".

– Ele consegue pegar "talântola, cascabel e escorpiões"!  Cascabel, se você não entendeu, é cascavel, a cobra.

Já minha pequena decidiu, não sei por qual razão, que é chique ficar de roupão em casa. E tem passado alguns dias assim. E não raro, trava diálogos em frente ao espelho. Quando flagrada, encerra com um sorriso de tímido para recomeçar um tempo depois.

A vida a dois, também mudou. Entre as obrigações de trabalho e da rotina de casa, nos revezamos para surpreender o outro com um café quentinho no meio da tarde. Às vezes, é só do que precisamos: aquecer o estômago e a alma com um gesto de carinho.

Se puder, #FiqueEmCasa.




Comentários

  1. Lindo, Adriana! Só que me deu uma vontade danada de sair abraçando toda ente querida que conheço...

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    1. Obrigada! Estamos todos com essa mesma vontade, não é? Em breve...em breve!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Delícia de texto! Dá pra imaginar as cenas e as expressões dos envolvidos. Hahahhaa... Fazendo referência ao seu próprio texto, "diversão garantida"! Parabéns!

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  4. Aqui em casa o home office tem sido uma experiência bem legal. Não temos crianças para agitar e alegrar o dia, mas sobram café, carinho e conversa entre uma matéria e outra. PS: estou adorando o Reboar.

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    1. Olá, Mestre Cuca! Desculpe a demora. Como tudo na vida, há o lado bom e ruim. Acredito que o grande ganho dessa temporada de isolamento é o autoconhecimento. Não sei você, mas estou descobrindo muitas coisas sobre mim. Me alegra saber que está gostando deste cantinho. Espalhe a notícia! Fique bem!

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