Mudanças no Reboar

 

Faz um tempo que tenho pensado sobre o propósito deste meu Reboar. Criado há 12 anos, ficou totalmente em silêncio por ao menos oito. A pandemia e o isolamento social imposto por ela abriram a caixinha da memória onde ele parecia estar à espera do momento certo para receber meus gritos, meus poemas, minhas crônicas, meu amor, minhas esperanças e desesperanças também. 


A pandemia não acabou, é fato. E o fato de perdurar por tanto tempo fez com que esse espaço deixasse de ser um relato diário de pandemia. Houve dias em que eu reboava pra dentro. As palavras não saiam pelos dedos, mas pelas lágrimas debaixo do chuveiro, com música alta para abafar o som dos soluços e preservar minha fofolete e meu denguinho daquele momento de extrema dor. 


Por eles, por um longo tempo, adotamos a filosofia de uma película que me arranca soluços toda vez que vejo: A vida é bela. Compramos piscina de plástico e botamos na minúscula sala de jantar; armamos uma barraca no quarto das crianças que impedia a circulação para além dela. Antes dela, tivemos lençóis e cobertores amarrados pelo quarto inteiro imitando um acampamento (desengonçado, é verdade). 



Deu certo pra gente, na medida do possível. Como eu sei? Dia desses o google fotos me trouxe uma recordação dos tempos pandêmicos. Justamente dessa confusão do quarto. Minha pequena viu e vibrou. Perguntei: Do que você se lembra quando vê essa foto? E ela: de quando a gente passava o dia junto brincando de barraca, fazendo churrasco e nadando na piscina da sala. 


Meus olhos lacrimejaram. Eu e meu marido nos olhamos e ambos ficamos com a sensação de missão cumprida. Não, não colocamos nossos filhos numa bolha. Eles têm a noção do que foi a pandemia. De que pessoas perderam a vida. Aprenderam que, por nós, e em respeito ao próximo, não deveríamos sair de casa nem para visitar os avós, tios e primos. E depois, que deveríamos usar máscara ao sair. 


Ouvindo as impressões da minha pequena sobre aquela foto, e lendo agora o que transcrevi da fala dela, parece mesmo ter sido divertido aquele período. Fizemos o que conseguimos fazer. O que a saúde mental nos permitiu.


A vida agora quase voltou ao normal. Deixamos de usar máscaras. Voltamos aos eventos públicos, socializamos com amigos. Os números de casos, as mortes, o desespero daquele tempo diante do negacionismo de quem tinha a caneta nas mãos, ainda nos assombram. Aqueles dias jamais serão esquecidos. Mas ficaram para trás. Aqui também. 


Sol nascente visto da Esplanada dos Ministérios


Nos próximos meses, o meu (nosso) Blog Reboar vai se transformar. Estou preparando novos conteúdos. Os ensaios de poesia e crônica estarão sempre presentes porque estão entranhados em mim como o ar que eu respiro. Mas trarei conteúdos de jardinagem, culinária, viagens, livros, perfis….



Espero que sigam comigo. E tragam ainda mais pessoas para reboar com a gente. 


Ótima semana a todes!





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