Conexão
Me vesti de mim mesma
Fechei os olhos
disposta a inebriar-me com meu próprio cheiro
o natural e o do perfume
o do shampoo e do creme facial
Não usei vermelho
Escolhi o cru
Enrolei os cabelos
pintei os olhos e colori a boca
pus nos pés sapatos da cor do vestido
Com brilho
gosto de brilho com sol a pino e na madrugada também
Esmaltei de carmim as unhas
das mãos e dos pés
respirei fundo
contemplei a mim mesma
por fora e por dentro
Mergulhada em mim
alcancei o mar em mim
inalei o aroma de lavandas em mim
degustei a cidreira em mim
ocupei cada cantinho devoluto em mim
reguei a terra árida em mim
aparei espinhos em mim
plantei rosas e um canteiro de jasmim
em mim
Abracei meu corpo
As curvas do meu corpo
estão mais generosas
Adentrei no meu intelecto
estão mais generosos
os meus neurônios
sussurrei novas conexões
Comecei a escrever um livro
Retomei com as poesias
Dia desses pincelei meu céu de Lua
Netuno no espaço e a constelação de virgem
Me faltava a nebulosa
Faz dois dias, corri na loja, comprei a tela
e pintei a nebulosa em mim
Durante e depois da pandemia de covid-19,
Perco-me nos meus jardins
o de casa e da mesa de trabalho
Contemplo e converso com plantas o tempo todo
Sim, transformei-me neste tipo de pessoa
Às vezes, perco o sono pontualmente às 3h15
ou às 4h
O sabiá-laranjeira me faz companhia às 5h
Da janela, chá quente entre as mãos
céu nublado, chuvinha fina
céu de brigadeiro, sol no horizonte
vento forte, brisa fresca
conexão com o universo e comigo mesma
Fazendo as pazes comigo mesma.
Crédito das imagens: Adriana Bernardes
Viva Adriana, que legal o compartilhar do desabrochar da sua beleza, que exprime memórias através da linha do tempo... e que se tornam especiais.Gratidão. Maria Eutenir Braga
ResponderExcluirOlá, dona Maria Eutenir! Obrigada por reboar comigo!
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