Mari Ferrer, você é vítima!

Nesta segunda de muita chuva, me vi invertendo a ordem das coisas. O texto que você vai ler no link no fim deste post foi publicado, primeiro, no meu facebook e twitter. Mas eu não poderia deixar de falar sobre isso aqui também. Afinal, o Reboar nasceu do desejo de falar quando a alma grita. E a minha está aos berros hoje, por conta da barbaridade institucionalizada pelo sistema judiciário brasileiro: invenção de um crime para absolver um estuprador. A que ponto chegamos!!

Por Adriana Bernardes

Aqui, quero falar diretamente com você, Mari Ferrer. Não importa o que disseram ou o que fizeram fora e dentro do tribunal. Nada vai mudar o fato de você ser a vítima de um crime odioso. Portanto, ainda que as palavras sejam escritas numa sentença judicial alicerçada por um crime inexistente no Código de Processo Penal brasileiro, ele aquele homem, é o culpado.

Sim, Mari Ferrer, aquele homem é culpado. Você sabe. As provas do crime estão no processo. E Mari, ele não a estuprou por causa das roupas que você usa, nem pelas fotos postadas no seu perfil, como quis fazer crer aqueles que se dizem operadores do direito durante a audiência. Aquele homem estuprou você porque naquele momento, ele decidiu cometer um crime devastador na vida de qualquer mulher ou homem. 

Se me permite, Mari, vou repetir pra mim mesma e para todas as mulheres e homens, que nós já sabemos, mas muitos não sabem ou fazem questão de ignorar. Não é a roupa, o riso solto, ou jeito de dançar. Não é porque você, mulher, bebeu demais ou ficou até de madrugada na rua. Não é pelo seu jeito de olhar, de abraçar os amigos ou quem você acabou de conhecer. Não é porque você flertou e não levou o romance pra frente, ou porque topou ir para um motel e mudou de ideia que você foi estuprada ou assediada. Não coloque mais esse peso sob seus ombros. 

O estupro e o assédio sexual não têm relação nada disso. Muito menos com desejo, paixão ou amor. São crimes de poder, praticados contra mulheres e crianças (meninos ou meninas) incapazes de se defenderem. Em muitos casos, ocorrem no ambiente doméstico e o autor é o “homens de bem”: pais, maridos, avós, tios, primos, irmãos, o melhor amigo da família. 

Você, namorado, companheiro ou marido, quando força a barra para uma mulher fazer sexo com você quando ela claramente não está disposta a isso, você a está estuprando. NÃO, É NÃO E PRONTO! 

E se a garota estiver alcoolizada ou sob efeito de qualquer outra substância química que altere a consciência, se informe se ela está com amigos ou ligue para alguém da lista de contatos do celular, ou ligue para os Bombeiros ou Samu. Você, homem, é parte da solução. 

Mari, em seu nome abraço a ti e a todas as mulheres vítimas de violência. Que tenhamos forças para continuar lutando pelos nossos direitos fundamentais. E que não percamos a capacidade de nos indignar diante dos abusos cometidos contra nós diariamente. 

Se você chegou até aqui e quiser ler o texo mencionado no começo deste post, o título é O horror de ser mulher no Brasil, caso Mari Ferrer. É só clicar no link. 

(Não) Diario de uma quarentena cheia de horrores.

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