Antipatia de banho
Gente, sabe quando ocê pega antipatia dum trem? Sou eu. Tô com antipatia de tomar banho. Num aguento mais! Na última semana de férias, aproveitei para resolver as pendências na rua. Em um único dia, tomei três banhos da cabeça aos pés. TRÊS! É banho demais da conta!
Nessa guerra nervos, sim, estou com os nervos à flor da pele com essa história de banho pra cá, banho pra lá, já deixei de ir à padaria comprar pão quentinho pro café da manhã. Salivei com a manteiga derretendo e o café fumegando….”Não, não vou sair pra ter que tomar banho de novo”. Esquentei a fatia de pão integral com castanhas e sementes, besuntei de manteiga e dei por encerrada a questão.
Num sábado desses, me recusei a dar uma volta na área verde perto de casa. Por quê? Porque na volta, eu teria que tomar banho e lavar cabelo. Sabe bolo indiano, aquele com uma cobertura salpicada de canela com sabor dos Deuses (bendito seja o Chico Neto que me apresentou essa delícia)? Também passei vontade de comer. O motivo? Se você leu até aqui, já sabe!
Pois bem, agora fico lembrando do vovô Geraldo, meu bisavô, na verdade. Ele morou lá em casa dos meus 7 até quando eu tinha uns 12 anos. Era minha paixão e defensor ferrenho da minha irmã mais nova. Ele morreu relativamente cedo, aos 70 e poucos anos, de problemas pulmonares. Sofreu a vida toda com asma e, nos seus últimos anos de vida, passou ter lapsos de memória. E o que meu querido Vô Geraldo tem a ver com isso? Tudo!
"Gasta a pele"
Já no fim da vida, vovô se recusava a tomar banhos diários. E tínhamos que insistir para que ele enfrentasse o chuveiro. Lembro de um dia, quando meu pai o chamou para uma conversa e deu um ultimato: “Vovô, o senhor vai tomar banho hoje”.
Do alto dos seus 1,90m, corpo muito magro, cabelos bem branquinhos e olhos azuis acinzentados respondeu serenamente: “Meu filho, tomar banho demais desgasta a pele. Um banho por semana tá de bom tamanho”. Nunca esqueci o diálogo. Talvez porque o argumento dele tenha sido usado inúmeras outras vezes. Pois se vô Geraldo estivesse entre nós, fecharíamos um pacto na hora: economizemos a pele, banho, uma vez por semana. O planeta agradece, tchau”
Meses atrás, numa ida rápida à redação do jornal, me espantei com os longos cabelos Jéssica. Em março, início do isolamento social, estavam na altura dos ombros e quando a vi, já no meio das costas. Jéssica foi promovida. E, com isso, passou a frequentar a redação diariamente. Saí de férias e, no retorno, percebi pela foto do perfil que ela não ostentava mais as longas madeixas. E o que isso tem a ver com essa história? Tudo!
Deu-se o seguinte diálogo entre mim e Jéssica pelo WhatsApp. “Uai cortou os cabelos, Jéssica?” “Sim, tô vindo todo dia pra redação. Lavar diariamente, tava deixando ele todo detonado. Aí, cortei curtinho de novo. Pelo menos até a gente ter a vacina, hahahaha”. Daqui a pouco me rebelo e, banho, só com todo o glamour da ilustração deste post. E teje dito!
Crédito da ilustração: Pinterest.
(Não) Diário de uma quarentena.
#coronavírus #pandemiacoronavírus #FiqueEmCasa #isolamento social #naodiariodeumaquarentena
Hahahaha Não aguento mais "banhar" a mesa da redação, o teclado, o telefone, o mouse. Tudo com álcool 70%, claro. E tenho deixado o celular em casa em saídas como padaria pra não ter que higienizar outra vez kkkkk
ResponderExcluirPois é, Vini. E nem entrei nesse mérito. Isso é outra novela. E fazer compras? Gente, é um tal de lavar ovo, latas de molho de tomate e outras, o que não lava passa álcool....afe! Sigamos com bom humor!
ExcluirNão esqueçamos daquele banho na goela quando tomamos uma geladinha e damos um banho na alma.
ResponderExcluirGenial a sabedoria do Vô Geraldo!
Adorei o texto Dri.
Keep writing.
Que saudade, Márcio! Pois é, pelo menos o banho na goela, que não é obrigatório, dá um alento! Vô Geraldo é um amor. Um abraço!
ExcluirAi Djeula .. tudo verdade .. tb to assim, agoniada.
ResponderExcluirNão é? Olha, acha pensamentos positivos, meditações, plantas, desenhos e pinturas. O repertório está chegando ao fim. Mas a vacina já, já chega e a gente se aglomera de novo e lá se vão os banhos obrigatórios. Um abraço. Saudade doceis!
ExcluirNossa, gente! Isso de pandemia já deu. Nem máscara tô aguentando.
ResponderExcluirNas raras vezes que saio de casa, na volta tenho que subir escadas, de máscara, cara... chego sem conseguir respirar.
ExcluirBeijo Dina!
hahahaha, concordo plenamente com vc, que realidade é essa?? mas é o que temos por enquanto, muitos bjs. Adorei muitooooo
ResponderExcluirE que realidade! Este 2020 está parecendo filme de ficção científica. Cruzes!
ExcluirDri, só mesmo a leveza dos seus textos para nos provocar o riso... De fato chega um momento em que até mesmo nossa origem indígena se cansa... Um sorriso, numa sexta-feira 13, pensando no pessoal do Amapá, é tudo que precisamos para renovar o ânimo (e a compaixão), nestas circunstâncias a gente até é capaz de rever nossa relação com os tais banhos. Um abraço afetuoso e tenho certeza que seu avô deu lá do céu muitas gargalhadas com o texto da neta rebelde👏😁🌹
ResponderExcluirDri, só mesmo a leveza dos seus textos para nos provocar o riso... De fato chega um momento em que até mesmo nossa origem indígena se cansa... Um sorriso, numa sexta-feira 13, pensando no pessoal do Amapá, é tudo que precisamos para renovar o ânimo (e a compaixão), nestas circunstâncias a gente até é capaz de rever nossa relação com os tais banhos. Um abraço afetuoso e tenho certeza que seu avô deu lá do céu muitas gargalhadas com o texto da neta rebelde👏😁🌹
ResponderExcluirOi Dri! Que delícia de mensagem. Vamos que vamos. Fazendo piada quando dá e chorando quando a angústia for grande demais. Vai passar. Uma hora esse trem passa! E viva a ciência e a vacina. Que chegue logo. Beijos!
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