Tempestade


Lá vem de novo esse desassossego embrulhado em ventania.
Outra vez esse alvoroço, esse calafrio que sobe e desce a espinha,
e gela a boca, corta a respiração e pára o tempo de supetão.
 


Por Adriana Bernardes

De novo sua presença invade cada canto intocável da minha existência.
Chega como uma tempestade voraz. 
Gelada, abre portas, janelas, revira tudo em volta. 
Curvada sobre meu próprio corpo, temo ser arrastada para junto de ti, 
Para esse lugar tão nosso, seja lá onde ele fica. 

Isso lá é jeito de se fazer presente? Não!!! 
Não te quero assim! 
Não te quero tempestade. 
Não te quero calafrio.

Te quero por inteiro
Quero beijo morno ou quente
E abraço todas as noites.
Quero tudo calmaria, como a água mansa de um porto a lamber meu corpo.
Sim, já sou navio ancorado. E, sim, desejo calmaria!

Já naveguei por tuas águas revoltas. 
Já virei noites sobre a montanha russa do que temos, e
foi bom por um tempo.
Mas, de verdade? A exaustão está em cada poro do meu corpo, em cada fio de cabelo, no meu DNA.

No porto dos meus sonhos, o sol nasce todos os dias.
Às vezes chove, outras não.
Tem noite de lua cheia e de céu estrelado.
Outras, de nuvens vermelhas e vento frio.
Tem beijo morno e beijo quente
E braços envolvendo meu corpo todas as noites e
Por todas as noites, pelo resto da minha vida.
Isso, sim, me basta!.

(Não) Diário de uma quarentena

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Crédito da ilustração: Pinterest

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