O medo gela da canela à goela
Por Adriana Bernardes
O medo cega.
A boca seca.
O arrepio gela da canela à goela.
O ar falta.
O pulmão fecha.
A flor? É só uma flor.
O beijo? É só um beijo.
A comida sem sabor.
A cama o refúgio.
O corpo, vazio de tudo
de tanto vazio não cabe em si.
Batom, roupa, banho, pra que?
Pijama, cama, silêncio.
O medo cega.
A boca seca.
Mas e a esperança? Já não se avista.
O medo cega, paralisa.
O perigo à espreita, gela da canela à goela.
Viver é missão de alto risco.
Medo de morrer e de viver.
Acidente de trânsito, covid-19, resfriado, velhice, queda da cachoeira...
O medo cega, paralisa.
Assalto, desamor, desemprego, redução de salário, o medo cega.
Contas pra pagar, perder a casa, o carro, dispensa vazia, barriga vazia, o medo cega.
Enjôo? Ai meu Deus! A unha dói? O que será? Xixi amarelo? Xiiii, não há de ser coisa boa! Ai, que perigo!
O medo cega.
O medo paralisa.
O medo mata.
Ansiedade, depressão...socorro!
A ansiedade e a depressão estão mais recorrentes este ano em função da pandemia mundial do novo coronavírus. E ao menor sinal de que essas patologias estão se instalando, é preciso buscar ajuda profissional. Remédio para dormir, para baixar a ansiedade, terapia, meditação?
Sim! Tudo isso e o que mais medicina dispuser para tornar essa travessia menos árida.
Não há nada de errado com você. E aqueles que parecem tirar de letra, são mais fortes? Não necessariamente! Quem não se afeta com todas as barbaridades dos tempos atuais, ou já morreu faz tempo e não sabe, ou vive da negação à realidade, o que também é um sinal de alerta. Está difícil? Grite por ajuda. Se lhe faltam forças, sussurre!
*Este texto é uma homenagem a todas aquelas pessoas que enfrentam bravamente as dores da alma. #vaificartudobem #vaipassar #ansiedade #depressão
(Não) Diário de uma pandemia
Antes da pandemia o maior motivo dos afastamentos profissionais já eram de doenças psíquicas, com essa pandemia então! rezar é ideal!
ResponderExcluirÉ uma problema gravíssimo de saúde pública, historicamente ignorado ou minimizado. Lamentavelmente.
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