Esta sou eu, e voce, quem é?

Era para ser sobre poesia. Sobre gratidão pela vida, saúde, casa, emprego, comida na mesa, amor, filhos, família, amigos. Mas o riso não veio, a serenidade cancelou presença e as lágrimas correm livres e abundantes. 

Por Adriana Bernardes

Quais histórias minhas lágrimas contam? Resumem tristeza, desencantos, exaustão, TPM, angústia, desesperança, esperança, sonho, projetos para o futuro. Tudo assim: aqui, agora, junto e misturado. 

Já viu o rio em dia de tempestade? Hoje por aqui está assim. Não, não teve um motivo, não teve um estopim, não teve nada. O rio em mim se fez revolto como se faz revolta a cachorreira quando chove na cabeça do morro: do nada, pum! Arrasta tudo e a todos. 

Jamais tive problema com o choro. Chorar pra mim, é existir e resistir. E existo e resisto com tudo de maravilhoso e horrível que o existir pode oferecer. A vida é isso. E eu vivo! Não mascaro tristezas, nem alegrias. 

Não guardo nada. Nem raiva, nem rancor. Só carrego comigo o que não consegui resolver. Por isso mesmo, me esforço para não deixar pendência de natureza alguma. A vida é muito breve pra ficar olhando pro passado ou remoendo coisas chatas. 

Tenho no Reboar um cantinho pra gritar sempre que minha alma grita. O retorno de vocês é um bálsamo nesses tempos difíceis e, com tanta notícia triste por aí, resisto em escrever em momentos como este. Por outro lado, sei que muitos de nós compartilham do mesmo sentimento: altos e baixos, risos e lágrimas, poesias e palavrões (tenho uma lista enorme deles). 

Nas redes sociais, costumamos registrar apenas os momentos felizes. Mas sabemos que a vida real não é assim. E aqui ou em qualquer lugar, eu sou a mulher que gargalha e chora; que recita e escreve poesias, e que no momento seguinte, fala palavrões do arco da velha; que usa maquiagem para ficar em casa e que sai pra balada sem passar sequer um batom (ou vice-versa).    

Esta sou eu. E você, quem é? Me conte nos comentários.

*Crédito da imagem: Pinterest

(Não) Diário de uma quarentena