Férias na pandemia
Como é tirar férias no meio de uma pandemia? Bem, não tenho a menor ideia! Mas vou descobrir aos poucos. Por aqui, o descanso tão esperado começou assim:
Na segunda, faxina. Daquelas de jogar água com sabão no apartamento inteiro. Isso não é uma queixa. A sensação de tirar o pó, deixar tudo limpinho, renova as energias do ambiente. E gosto disso.
Corpo dolorido na terça. Não tenho mais idade pro tal abaixa, levanta, sobe na cadeira, desce, pra tonar a subir outra vez. Sim, isso é uma queixa.
A quarta chega e o interfone toca na boca da noite. É a entrega dois halteres e um kettlebell. Agora, vai! Mas começo na quinta.
Voltando do jornal, onde fui resolver uma pendência, passei na papelaria, pertinho da redação. Decidi me arriscar na pintura. Não com a tela postada aqui há algum tempo, toda numerada com as cores das tintas que deveria usar e uma paisagem riscada (Como é ser mulher em tempos de covid-19). Desta vez, seria uma tela em branco.
Não tinha as tintas que eu imaginava para a primeira incursão. Mas eu não bateria perna atrás delas em plena pandemia. Se não tem tu, vai tu mesmo! Peguei uma paleta de aquarela, daquelas de crianças do jardim e dei por encerrada a questão!
Hummm livros na promoção. Faz tempo que preciso voltar a ler. Não temas de trabalho. Outros temas, outras viagens. Ignorei meu temor pelo coronavírus e fiz como nos velhos tempos: sentei-me no chão, de frente pra estante de livros e, calmamente, avaliei os títulos disponíveis de alto a baixo. Botei sete no carrinho.
- Édipo rei - Sófocles
- A tempestade - William Shakespeare
- Janela mágica - Cecília Meireles
- Crônica de uma morte anunciada - Gabriel Garcia Marquez*
- Dez mil Guítarras - Catherine Clément
- Medeia - Eurípedes
- Inocência - Visconde de Taunay
E a vontade louca de pegar o carro e visitar a parentada, se perder nos abraços e nas lágrimas, que certamente caírão aos montes no reencontro, como fica? Amarro a saudade num laço de fita amarela; abro uma caixinha, boto dentro, torno a fechar e sigo sem pegar a estrada.
Balanço da primeira semana
- Dois livros lidos, Édipo rei e A tempestade. Quanto ao próximo, estou em dúvida se vou de Janela mágica ou Medeia (aceito sugestões).
- Quatro telas pintadas (são pequeninas).
- Organização das fotos digitais iniciadas.
E ainda tiveram incansáveis batalhas dos vingadores contra o terrível Thanos; busca pelas cigarras; contemplação de estrelas; boa música, vinho rosé, saladinha de repolho com tomate (ambos picados à moda de Minas, bem fininhos, temperados com sal, azeite, limão, cebola e cebolinha); tutu de feijão; macarrão com cogumelos; e galinhada.
Os planos para a semana que começa daqui a poucas horas? Não fazer plano algum! Ops, acabei de contar uma mentirinha. Tomar banho de chuva quando ela cair farta por aqui.
(Não) Diário de uma quarentena interminável.
*É do Gabriel Garcia Marquez um dos melhores livros que li na vida: Cem anos de solidão. Foi empréstimo da Mariana. Ainda vou comprar um exemplar para tê-lo por perto. Numa parede, quero fazer a árvore genealógica da família Buendía. Alguém conseguiu chegar ao fim do livro sabendo quem é quem? Me conte nos comentários.
Por Adriana Bernardes
💓.
ResponderExcluirEu li Cem anos de solidão e me perdi nos nomes 😁
Mulher, eu terminei tontinha. Quero comprar o exemplar pra reler e fazer a árvore genealógica. Eu soube que até tem na internet. Mas que graça teria pegar pronto? Saudades, amiga!
ExcluirBoas férias. Estar vivo, hoje, é a melhor das férias. Viva! Leia! Viva!!!
ResponderExcluirOi Marcelo!!! Você tem toda razão. Com saúde, então, nem se fala! Um grande abraço!
ExcluirHaha, genial texto, Dri, em muitos me identifico com você 😁. No contexto da pandemia por aqui sigo ensaiando algumas atitudes ou novas rotinas, só planejando... RS.
ResponderExcluirQue bom, Dri! Sigamos vivendo o hoje. Beijo!
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