A bruxa



Sou bruxa a bailar entre celtas.
Sou livre
(apesar dessa prisão).
Estrela cadente, 
gota de orvalho,
garapa de cana
rapadura é o que sou.




Me derreto pelos jardins de Monet
Mas neste ano, só me servem tintas e pincéis soltos. 
Quero A Noite Estrelada, de Vincent, 
o mundo me dá O Grito, de Munch!

Apesar disso
(e por isso),
Eu resisto. 
Eu existo.

Minhas janelas, agora, têm flores
e nunca mais deixarão de ter.

Meus ipês. ..
setembro chegou e não enchi meus olhos de amarelo, rosa, roxo e branco!
Mas eles, os ipês, floresceram como sempre florescem. 

E eu?
Eu resisto.
Eu existo.
Sou bruxa,
a bailar entre celtas.
Sou livre
(apesar dessa prisão).



Apesar do apesar, 
minha alma floresce,
meu peito sente,
meu sangue pulsa,
Há amor em mim.

Há amor pra mim e só pra mim, 
bem do meu lado,
e eu posso tocá-lo. 
Ele tem cheiro, sabor e calor. 
Tenho amor sublime e amor ardente.
Inocente e indecente.

E por isso, 
só por isso, 
por tudo isso,
Eu resisto.
Eu existo. 
Afinal, sou bruxa!
(No creo en brujas, pero que las hay, las hay)

(Por Adriana Bernardes)

*Crédito das imagens: Pinterest

(Não) Diário de uma quarentena interminável!

Comentários

  1. Na atual conjuntura só consigo ser remetida à segunda versão da Ponte Japonesa... Belo texto, Adriana, que os gatos pretos e corujas resistam!🌹

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